Para responder a esta pergunta é preciso considerar os componentes estruturais que nos constituem, ou seja, células e a matriz extracelular que as agrega aos fluidos, formando tecidos, órgãos. Muito do que se pensava anteriormente, visto a partir do cadáver, deixou de fazer sentido quando o médico e doutor em medicina Jean Claude Guimberteau tornou públicas as imagens in vivo das filmagens que fazia durante suas cirurgias, mostrando que a matéria viva que nos constitui é um sistema contínuo.

 

Embora no meio científico existam divergências em relação às características estruturais e funcionais dessa matéria viva, todos concordam que elas são dependentes de temperatura. Um pequeno aumento na temperatura ao nível da pele e no ambiente interno propicia maior eficiência na resiliência dos tecidos e no fluxo de fluidos. Isto significa que teremos uma maior capacidade de ajustes teciduais à demanda de movimentos que realizamos.

 

Pessoas sedentárias

 

Estas pessoas quando resolvem participar de atividades recreativas nos finais de semana estão mais suscetíveis às lesões provenientes de fadiga estrutural e/ou fisiológica/metabólica. O aquecimento para estas pessoas é imprescindível, assim como a atenção aos sinais de fadiga estrutural que surgem antes dos sinais de fadiga fisiológica (batimento cardíaco, ritmo respiratório, tontura, etc.).

 

Os sinais de fadiga estrutural surgem como uma ligeira sensibilidade em articulações ou áreas próximas, que passam para uma percepção de desconforto e se a pessoa continuar vai levar a dores e lesões teciduais. Estas sinalizações aparecem rapidamente caso o período de aquecimento não tenha sido bem feito. Atenção, a pessoa por não se sentir cansada pode julgar que aquele incômodo vai passar. Não vai e irá se tornando acumulativo colocando-a em situação de vulnerabilidade.

 

Pessoas que estão em forma

 

Por falta de informação estas pessoas tendem a ser mais confiantes e na maioria das vezes cometem dois enganos: não dão a devida atenção ao período de aquecimento e aos sinais de fadiga estrutural em razão de apresentarem uma capacidade fisiológica/metabólica mais eficiente que retarda os sinais de cansaço. A atitude destas pessoas de “vou continuar que isto vai passar uma vez que não estou cansado(a)” se torna uma armadilha.

 

Os sinais de fadiga estruturais são os mesmos para os dois tipos de pessoas.

 

Razão para aquecer

 

Ao iniciar a atividade com movimentações lentas, período de aquecimento, a temperatura periférica e profunda se eleva gradativamente aumentando o fluxo de fluidos e a nutrição das células, pois garante a chegada de nutrientes e oxigênio no ambiente celular. Lembre-se, a resiliência fisiológica/metabólica e estrutural estará mais eficaz à medida que o aquecimento atinja a faixa de eficiência.

 

COMO FAZER O AQUECIMENTO

 

Antes, durante e depois de toda prática de atividades convém movimentar as articulações até ângulos máximos possíveis de flexão e extensão, sempre com atenção à organização postural. Articulações que permitem rotações em grande amplitude como ombros e quadril merecem a mesma atenção, principalmente nas atividades cíclicas em que os movimentos são repetitivos (pedalar, correr, nadar, remar, etc.).

 

Por exemplo, para a pessoa que corre o ideal é começar andando, após alguns minutos passar ao trote e voltar a andar assim que perceber alguma sensibilidade. Passada a sensibilidade voltar a trotar e ir aumentando gradativamente a velocidade e então retornar a andar, repetir este ciclo até se perceber confortável e segura para manter a velocidade. Esta é uma atitude prudente.

 

Estado de relativo conforto é mais seguro e traz muito mais benefícios (morfo)estruturais. Cansar pode, entrar em fadiga deve ser evitado.

 

Divirta-se!

 

José Augusto Menegatti e Carla Lee

*José Augusto Menegatti é Professor de educação física formado pela Universidade de São Paulo. Foi preparador físico da equipe de voleibol masculina do Esporte Clube Banespa e da Seleção Brasileira. Durante 40 anos de trabalho com o esporte desenvolveu técnicas com resultados rápidos e eficientes. Um destes trabalhos começou em 1989 quando iniciou seus estudos sobre o Rolfing. Possui um Núcleo de Estudos em Fluência Corporal em Ilhabela/SP, onde oferece grupos de estudos, aulas e sessões de Rolfing para pessoas interessadas. Para saber mais: contato@menegatti.com.br / (12) 3896-1135.