Efeito de processo cumulativo nas células, o câncer de pele pode aparecer mais cedo em indivíduos que se expuserem em demasia ao Sol

Este verão será o mais quente da história, com temperaturas de até dois graus acima da média registrada nos últimos 200 anos. Além das diversas conseqüências ambientais que se agravam com esse cenário, os efeitos na saúde do indivíduo também devem ser levados em conta. No caso do câncer de pele, que é o mais incidente no Brasil, a principal conseqüência das altas temperaturas deverá ser a aceleração do surgimento da doença em pessoas que não seguirem as recomendações médicas para a correta exposição ao Sol. Atualmente, observa-se que o câncer de pele tem sua curva de diagnóstico positivo acentuada a partir dos 40 anos de idade, mas isso poderá acontecer cada vez mais cedo na população, especialmente em países onde o Sol é presente o ano todo.

O coordenador da equipe de Dermatologia do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), Aldo Toschi, esclarece que os resultados estatísticos não serão percebidos em curto prazo, mas poderão ser sentidos em algumas décadas. Toschi lembra que o processo de aquecimento global pelo qual o planeta vem passando é um dos fatores que nos trouxe aos altos índices de câncer hoje relatados e também o que poderá nos levar a um panorama ainda mais preocupante. “A Austrália, por exemplo, é o local que registra a maior incidência de melanoma do mundo. Diretamente ligado a esse quadro está o fato de o país possuir a população mais clara e a maior redução da camada de ozônio do planeta, que filtra enormemente a radiação solar”, informa o dermatologista.

O médico do IBCC faz ainda outro alerta importante: “o que pode provocar o câncer de pele é a intensidade da luz, ou seja, os raios ultravioleta UVA e UVB e não somente as temperaturas mais altas. Por isso, as pessoas devem estar atentas o tempo todo, pois em dias frescos e nublados também são transmitidas essas radiações”.

Para os habitantes da região Sudeste do País, onde o tempo tem estado freqüentemente encoberto neste verão, a dica é não relaxar. “Os efeitos dos raios UVA, que penetram mais profundamente na pele, e do UVB, que atua superficialmente, causam queimaduras solares, alergias, envelhecimento e até câncer. Eles atravessam as nuvens e provocam danos à pele da mesma forma”, afirma Toschi.

O médico orienta sobre a adoção de alguns hábitos, para que as pessoas possam se proteger diariamente dos raios UVA e UVB e evitar os efeitos negativos – e cumulativos -do calor e da luz. “Usar protetor solar em quaisquer ambientes, como em casa, na rua, no trabalho ou na praia, e tomar cuidados especiais quando expostos diretamente ao Sol, usando chapéu, óculos escuros e camiseta, além de seguir as recomendações do horário ideal para se bronzear, ou seja, até as 10 horas e após as 16 horas, são fatores que nos levam a ter uma pele mais saudável”.