Puxa, amigo Leitor, este é o décimo texto que escrevo sobre a nossa segunda viagem, que acaba de se encerrar. Já estamos na nossa maravilhosa Ilhabela e morando novamente em terra. Será muita coincidência eu ter escrito na última revista que nossa impressão foi termos viajado dez anos? (Coincidências não existem!!!). Dessa forma, Leitor, para cada texto que você leu, posso dizer que foi “um ano relativo” que aproveitamos! Ou até mais, pois a intensidade foi enorme!!!

Gosto de dizer e digo do fundo do coração que esperávamos muito dessa viagem. Mas que, ao mesmo tempo, tudo e todos os lugares foram muito acima de nossas expectativas!

Nesses nossos dez encontros escritos, Leitor, incluindo o texto que você agora lê, contei apenas uma fração infinitesimal do que vivemos nesse um ano e oito meses reais de nossa viagem. Passei apenas “um nada” das emoções que sentimos, da beleza dos lugares que visitamos e  do carinho das pessoas que conhecemos. Se você, Leitor, quando leu meus textos, se emocionou, imaginou a beleza dos lugares e a nossa alegria de reencontrar a família e amigos, multiplique o que sentiu e imaginou por milhões e chegará perto do que vivemos.

Por que digo isso, Leitor?!! Juro que não é para lhe fazer inveja! Meu objetivo único é incentivar-lhe a buscar sempre a realização de seus sonhos e sair da virtualidade de blog, textos ou livros. Use-os como informação, mas siga na direção da vida real, que é sempre, acredite, muito melhor do que nossas expectativas e sonhos.

Já sei, já, sei, você está perguntando: “ – Mas, e aí, como foi a chegada em Ilhabela?”

 

De Niterói, seguimos para a maravilhosa Ilha Grande, onde passeamos e curtimos dias de mergulho e praias. Revisitamos a linda praia de Lopes Mendes e dormimos em Sítio Forte, um de nossos lugares preferidos de pernoite em Ilha Grande. Lá, como em todos os lugares da costa, encontramos amigos e ficamos muito tempo falando de nossa viagem.

Também tínhamos que passar em Paraty e lá tivemos encontros inesquecíveis. Pudemos rever o Fabinho, a Cecília e o Igor, do veleiro Plânkton, além da amiga Andy, que não víamos desde o Caribe e que ficamos felizes em saber que escolheu Paraty para morar.

Mas, um encontro foi muito especial e inesperado. Telefonamos para os amigos do Cavalo Marinho, com os quais fizemos nossa primeira travessia para o Caribe em 2006 e eles mudaram totalmente seus planos para o Carnaval e foram até Paraty nos encontrar. Atrasamos a nossa saída para Ubatuba e, então, lá estávamos nós todos juntos, num lindo dia de sol, numa praia isolada e paradisíaca de Paraty, com nossos barcos ancorados lado a lado, conversando e relembrando muitas histórias! Que coisa boa!!! Com as nossas “crianças” todas crescidas e nossos sonhos realizados, éramos todos a imagem perfeita da felicidade! Mas, novos sonhos nascem e é muito bom repartir os planos com os amigos!

Pena que o encontro durou pouco. Tínhamos que seguir para Ubatuba, pois nos esperavam lá. Repetindo um encontro da volta de nossa primeira viagem, encontramos muitos amigos no bar do Hisashi, onde pudemos rever o Dimitri, Valmir, Leandro e sua esposa, o Flávio e a Rosa. Todos contentes e todos comemorando conosco a nossa chegada.

Ainda em Ubatuba, recebemos a visita dos amigos Pimenta e do Xandão, que foram nos encontrar com o Ariel na praia do Flamengo. Foi também nessa praia que descansamos os últimos dias de nossa primeira viagem, antes de voltar para Ilhabela. Muitas coisas se repetiam da primeira viagem, que chamamos de “O Melhor Ano de Nossas Vidas”. Difícil agora é saber qual foi o melhor ano: aquele fantástico 2006 ou este 2011 de muitas descobertas!

E chegou, finalmente, o dia de voltar à nossa querida Ilha (com “I” maiúsculo, substantivo próprio!). E, como na primeira viagem, o dia escolhido foi o sábado pós-carnaval, em exatos cinco anos depois de nossa primeira chegada.

Da mesma forma que na primeira volta, os adolescentes se “surpreenderam” com a beleza de Ilhabela, mesmo depois de terem corrido muitos lugares maravilhosos do mundo. Chegamos num dia de sol em que a Ilha enchia nossos olhos!

Para nossa surpresa, vários barcos de amigos nos esperavam para nos acompanhar da Ponta das Canas até o Pindá Iate Clube, onde ficaríamos alguns dias como convidados de nosso amigo Toninho Lopes. E, na praia, um grupo de amigos especiais nos esperava, sorridentes e saudosos como nós!

Tudo foi muito parecido, mas não menos emocionante, com a nossa chegada em 2007.

Pisamos em nossa Ilha e abraçamos e cumprimentamos todos que nos esperavam, emocionados!

Após arrumarmos algumas coisas no barco, fomos para a casa dos amigos Marilzon e Rejane, onde um jantar especial, feito por eles e por nosso amigo Márcio, nos esperava. E quantas histórias contamos e escutamos naquela noite especial, depois de quase dois anos sem ver os amigos!

Nossa chegada foi muito feliz! Se soltar as amarras é ótimo, chegar com tudo em ordem é melhor ainda! Cá estávamos nós com nossos amigos em nossa querida Ilhabela.

E gostamos muito do que vimos em terra, depois de dois anos fora. Nossa Ilha está bem cuidada e é muito agradável passear por ela, vendo todas as novidades. Por enquanto, nos sentimos como tendo chegado em um lugar novo, onde temos muitas coisas para conhecer.

Mas nem tudo foram “flores” em nossa chegada. Soubemos da ameaça de um mal pensado e destruidor projeto de novo porto de contêineres e ampliação do porto de petróleo em São Sebastião. Será que a ganância vai vencer e destruir nossa maravilhosa Ilha? Bem, mas vimos que toda a população de Ilhabela está engajada contra esse projeto e acompanhamos uma manifestação dos jovens contra esse porto. Posso dizer que foi maravilhoso vendo-os defender seu futuro: um futuro de natureza preservada e qualidade de vida! Porto? NÃO!!!

Três dias após nossa chegada, o Jonas e a Carol começavam suas aulas novamente. Acostumaram-se rapidamente, mesmo tendo ficado mais de um ano e meio estudando só no barco. Todos os colegas e professores os receberam muito bem e cobraram que fizessem uma palestra da viagem, pois queriam saber tudo que aconteceu com eles. Fui na palestra apenas como expectador e, para mim, era engraçado ver aquelas “crianças” tão crescidas: as meninas todas bem mocinhas e vários dos meninos com barba na cara (como o Jonas!!!).

Mal meus adolescentes começaram as aulas, logo tiveram que fazer provas. Como chegamos atrasados em relação ao começo do ano letivo, eles tiveram que estudar sozinhos todas as matérias que perderam. Mas o resultado foi ótimo: tiraram as maiores notas da classe em praticamente todas as matérias! Não faltou um colega se divertindo com a situação e dizendo: “- Tão vendo?!!! Eles provaram que ter aulas não é bom!”. Eu não diria isso. Diria, sim, que eles provaram que a responsabilidade e respectiva cobrança de aprendizado tem que estar focada sempre no aluno e não nos professores, material ou escola. Sempre cobrei muito deles e só viajamos porque eles sempre corresponderam maravilhosamente bem quando foi preciso.  Escola, professores e material são importantes? Muito!!! Mas não adiantam nada se um aluno não quer aprender.

Entre o corre-corre dos primeiros dias posteriores à chegada, fomos fazer uma primeira visita, muito especial, para um querido amigo que está muito doente. Foram ótimos momentos, relembrando e contando sobre nossa viagem ao Luis Puig e sua esposa Adelaide. Puigão, estamos torcendo por você e voltaremos a nos encontrar em breve, pois ainda há muito o que contar e mostrar!

Durante vários dias após nossa chegada, continuamos morando no Travessura. E nossos planos eram permanecer na nossa casa flutuante, mas um convite fez com que mudássemos os planos e voltássemos a morar em terra. O amigo Felipe, do veleiro Fram, que dá aulas de vela e aluga seu barco para regatas, disse que já estava com o Fram completo para o ano todo e que precisava de um segundo barco para regatas. Estudamos sua proposta e resolvemos voltar a viver num lar que não balança. Removemos todas as nossas coisas do Travessura e o deixamos pronto para correr regatas, que também gostamos. Dessa forma, ele também fica disponível para fazer charteres e locações, pois muitas pessoas têm escrito, perguntando se fazemos passeios com o barco e aulas de como viver num barco. É, Leitor, acho que há mais “loucos” como nós neste mundo! Dessa forma, mesmo não morando no Travessura, estaremos sempre nele, trabalhando e nos divertindo.

Meus dias têm sido de muito trabalho e minha maior ocupação tem sido escrever. Estou trabalhando num novo livro e já passei da metade. Difícil está sendo escolher um título! “O Segundo Melhor Ano de Nossas Vidas”? Não!!! Ele dá ideia que o primeiro ano foi melhor e, sinceramente, não sabemos dizer qual deles foi mais especial. A Carol sugeriu “Comer, Dormir e Passear”, pois foi o que mais fizemos durante um ano e oito meses em que ficamos viajando, mas não gostei muito dele, por copiar um livro famoso. Mas há um que me atrai, pois com ele homenagearemos nosso valente barco e que mostra “de cara” o nosso espírito brincalhão e feliz. Que acha, Leitor, de “Travessuras pelo Atlântico”? Interessante, não?!!!

 

Bem, Leitor, neste texto de despedida é hora de dizer que nós não fizemos a nossa viagem sozinhos. Temos muito a agradecer a todos que nos acompanharam. Agradecer a você, Leitor, que seguiu nossa viagem e sempre torceu por nós; aos acompanhantes do blog, que viajaram virtualmente conosco e sempre nos escreviam nos incentivando; aos amigos e parentes que nos receberam sempre tão bem, que supriram nossa carência afetiva de todas a pessoas queridas que deixamos em terra; aos amigos que fizeram travessias conosco e nos visitaram em vários lugares e, por último, mas não menos importantes, os apoiadores de nossa viagem. Os agradecimentos à estes, aliás, se fundem com os agradecimentos aos amigos, pois, na verdade, as empresas são compostas por pessoas. Atrás de cada empresa que nos apoiou nesta segunda viagem, há amigos, que já nos conheciam e já haviam acompanhado nossa primeira viagem. Portanto, obrigado, à ZirNáutica e Tintas Weg, dos amigos Fan e Harumi; à Pousada e Ecoresort Itamambuca, dos amigos Dimitri e Sirleine; à Escola de Vela Veleiros Eventos, de Ilhabela, dos amigos Hill e Tati; à Ecossistema, dos amigos Sérgio e Clarice.

Para todos os citados no parágrafo acima, posso dizer que nossa viagem só foi tão boa, porque tivemos a companhia e o carinho, real ou virtual, de vocês!

Muito, muito obrigado a todos e até a próxima viagem! E, sinceramente Leitor, espero que ela aconteça o mais breve possível, pois os meus sonhos não são muito “pacientes”!

“A vida cobra: deve ser vivida aqui e agora!”