Tradição mantida pelos caiçaras de Ilhabela há mais de 200 anos, a Congada de São Benedito se tornou a mais importante manifestação cultural dos ilhéus e todos os anos, sempre no mês de maio, reúne fiéis, moradores, visitantes e turistas em uma festa que retrata a história dos primeiros povos que viveram por aqui.

Trazida para o Brasil a bordo dos navios negreiros, pelos escravos que trabalhavam nas fazendas de café e cana-de-açúcar, a devoção a São Benedito deu origem à Congada, que representa em uma espécie de encenação teatral a céu aberto uma desavença entre dois grupos de devotos do Santo, chamados de Congos de Cima, que vestem roupas azuis e são os fidalgos do Rei, considerados cristãos, e Congos de Baixo (ou Congos do Embaixador), que usam trajes vermelhos e representam os pagãos. Há três ‘bailes’ ao som de atabaques e marimbas de madeira, onde os congueiros travam suas batalhas. A guerra acontece porque os congueiros do Embaixador lutam para que ele, filho bastardo do Rei, conquiste o trono.

Em 2012, integrando a programação da XII Semana da Cultura Caiçara, promovida pela Secretaria de Cultura através da FUNDACI – Fundação Arte e Cultura de Ilhabela em parceria com a Associação dos Congueiros e com a Paróquia Nossa Senhora D’Ajuda, a Congada aconteceu entre os dias 18 e 20 de maio, começando com o tradicional Levantamento do Mastro, na sexta-feira, seguido pela apresentação da Congada Mirim, distribuição do Bolo de São Benedito e Quermesse na Praça Coronel Julião, na Vila.

No sábado e no domingo aconteceram a procissão de São Benedito, os Bailes de Congos, a tradicional Ucharia, almoço preparado pelas famílias caiçaras e servido aos participantes da festa e a Missa Festiva na Igreja Matriz, sempre seguidos pela quermesse e por shows musicais com artistas locais e convidados, promovidos pela Prefeitura.

O evento contou ainda com o lançamento de uma publicação dedicada especialmente à Congada, com projeto editorial do Professor Adriano Leite, caiçara de família tradicional, historiador e pesquisador das tradições e manifestações culturais e religiosas de Ilhabela, que conta em textos e fotos a história dos congueiros ao longo destes dois séculos.