Maio é mês de Congada em Ilhabela, tradição bicentenária trazida pra cá pelos escravos, que promoviam as encenações como forma de preservar suas raízes e sua fé. Afinal, mais que uma representação folclórica ou cultural, a Congada é uma manifestação religiosa, feita em homenagem a São Benedito, e por isso só acontece uma vez por ano, no período de lua cheia, chamado pelos caiçaras de “claro de maio”.

 

Organizada pela Associação dos Congueiros de Ilhabela, com apoio da Paróquia Nossa Senhora D’Ajuda e da Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura de Ilhabela e da Fundaci – Fundação Arte e Cultura de Ilhabela, a Congada deste ano aconteceu entre os dias 14 e 16 de maio, integrando a programação da Semana da Cultura Caiçara, e teve início na sexta-feira com a cerimônia de Levantamento do Mastro, em frente a Igreja Matriz, seguida pela apresentação da Congada Mirim, distribuição do Bolo de São Benedito e Missa Triduo na Capela de Nossa Senhora das Dores, no Itaquanduba.

 

No sábado e no domingo a programação começou com a Meia Lua – procissão de São Benedito pelas Ruas da Vila, seguida pelo Bailes dos Congos, encenação da desavença entre dois grupos de devotos de São Benedito. O primeiro é formado pelos Congos de Cima, que vestem roupas azuis e são os fidalgos do Rei, considerados cristãos. O outro é formado pelos Congos de Baixo (ou Congos do Embaixador), que usam trajes vermelhos e representam os pagãos. Há três ‘bailes’ ao som de atabaques e marimbas de madeira, onde os congueiros travam suas batalhas. A guerra acontece porque os congueiros do Embaixador lutam para que ele, filho bastardo do Rei, conquiste o trono.

 

Depois do primeiro baile foi servida a tradicional Ucharia, uma espécie de almoço de confraternização dos congueiros, seguida por outro Baile de Congos e pela Missa Tríduo na Igreja Matriz, na Vila.

 

O final de semana teve ainda a Quermesse de São Benedito, na Praça Coronel Julião, na Vila, com shows musicais de artistas locais e convidados, apresentação da Congada Mirim, iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura para garantir a continuidade da tradição e uma exposição de fotografias, retratando com imagens antigas e recentes a história da Congada de Ilhabela.