Numa permanente busca de qualidade para seus espaços, tendo na paisagem uma espécie de cúmplice na tarefa de encantar os olhos de moradores e de seus convidados.

    

Projetada e construída pelos arquitetos Giselle Bahiense e Leonardo Cunha, titulares da Oficina de Criação de Espaços Sustentáveis, a casa foi concebida para atender ao desejo do casal de proprietários de desfrutarem do convívio de filhos e netos em longas estadias em Ilhabela.

 

Dentre os seus anseios, a intenção de que a arquitetura privilegiasse a apropriação da belíssima paisagem da região, se manifestando também no aspecto geral da casa, que deveria ter a aparência de casa de praia, sem abrir mão do conforto, da privacidade e dos recursos tecnológicos de uma moradia urbana.

 

Resguardar a visão do mar de águas esverdeadas, emolduradas pelas montanhas da Serra do Mar, favorecendo a criação de recantos de contemplação tornou-se um dos principais objetivos do projeto.

 

Outra expectativa em relação ao projeto estava na integração entre os ambientes sociais da casa, em especial entre os espaços internos e os externos à edificação, como a piscina, os decks e pergulados que servem como elementos de transição interior-exterior e os jardins cujo projeto paisagístico, também elaborado pela equipe da Oficina de Criação, privilegiou o uso de plantas que reforçam a exuberância da vegetação tropical da região.  

 

O projeto se amolda ao terreno, sem a imposição de cortes ou aterros desnecessários, querendo se integrar, se tornar parte dele. Elemento marcante na definição dos espaços, com topografia dominada por um desnível no sentido transversal, que impôs a constituição do pavimento térreo em dois planos: um que favorece o acesso a partir da entrada de veículos aos principais ambientes da casa; o outro, ligeiramente mais baixo, destinado aos espaços de estar e lazer, se eleva em relação ao perfil natural do terreno, dando destaque ao acesso principal da casa e permitindo o aproveitamento do espaço inferior para abrigar o sistema de captação das águas de chuva, usada para lavagens e regas do jardim.

 

O pavimento superior foi posicionado de forma a explorar a paisagem em sua plenitude.

 

A memória afetiva do casal, marcada por paisagens ainda íntegras da região, estimulou a preocupação com as características da arquitetura que seria construída, direcionando o projeto para o conceito de arquitetura sustentável, que prioriza o uso racional dos recursos naturais, visando ainda a promoção do conforto ambiental aliado a eficiência energética.

 

Estes aspectos se fazem presentes na casa de várias formas:

 

·          Nas generosas varandas e pergulados que resguardam os ambientes internos do sol da tarde;

·          Na ventilação cruzada, favorecida pelo posicionamento dos cômodos em relação ao mar, que é sentida em vários espaços da casa, em especial na sala, onde venezianas móveis promovem a plena circulação dos ventos sempre que necessário;

·          Nas amplas aberturas envidraçadas e no uso de clarabóias, garantido máximo aproveitamento da luz natural em vários ambientes da casa;

·          Na economia de água proporcionada pelo uso de equipamentos de redução de consumo, e pelo reaproveitamento da água da chuva;

·          No uso racional de energia, adotando energia solar e iluminação eficiente.

 

Modismo para uns, a Arquitetura Sustentável, no entender dos profissionais da Oficina de Criação, não é apenas um dever de ofício, mas parte de uma tomada de consciência que pode contribuir para a manutenção da qualidade ambiental de Ilhabela.

 

Momentos de contemplação

 

Há cerca de 10 anos, a arquiteta Maria Cláudia Van Sebroeck foi chamada por um executivo da Rhodia e sua esposa para auxiliar na escolha de um terreno para a futura residência do casal. Escolhido o local, partiu para o projeto com a premissa de aproveitamento total da vista espetacular, além da criação de ambientes amplos, claros, arejados e integrados entre si e com a natureza.

 

A proposta foi criar uma planta que se abrisse para a vista do canal de São Sebastião como se fosse um leque, contemplando a costa sul e norte da Ilha, com grandes aberturas e ventilação cruzada para tornar os ambientes mais frescos.

 

Em um projeto de 750m2, a casa foi construída respeitando a declividade do terreno e com materiais de grande durabilidade. Concreto na estrutura e alvenaria convencional nas paredes e, para não ter trabalho com manutenção, a madeira foi utilizada somente nas varandas e nos telhados.

 

Sete anos depois, o imóvel foi comprado por um empresário da área de softwares, que também convocou Ana Cláudia, dessa vez para fazer um projeto de reforma que atendesse as necessidades de sua família. Ele possui três filhos jovens, que quando vêm à Ilha, sempre trazem amigos.

 

Modernizar os acabamentos, ampliar a área da piscina, criando uma piscininha menor para seus futuros netos, um ofurô com água aquecida, sala de ginástica, churrasqueira com forno e fogão à lenha, um escritório, adega, automação e iluminação especial nos ambientes, sem alterar a configuração original da casa, somente acrescentando novos espaços, eram as suas reivindicações.

 

A sala de estar ganhou uma pequena lareira, suficiente para aquecê-los nos dias frios de inverno, e uma nova escada que dá acesso ao home theater e às suítes dos filhos.

 

A sala de ginástica foi instalada num antigo depósito, que foi totalmente aberto com panos de vidro para privilegiar a vista para o mar.

 

O revestimento da piscina foi trocado por pastilhas de porcelana, de cores mais atuais, compondo um degradê de tons de azul. Foram criados degraus de forma orgânica, revestidos de mármore branco e uma passarela entre as duas piscinas, também em mármore, dá acesso ao ofurô.

 

O paisagismo foi projetado atendendo ao pedido dos proprietários que, seguindo uma tradição familiar, solicitaram o plantio de três palmeiras imperiais. Também foram priorizadas as espécies nativas da mata atlântica, de fácil cultivo e mais adequadas ao nosso clima tropical.

 

Para valorizar o mercado local, a arquiteta utilizou no projeto diversos produtos e serviços de empresas locais, desde a confecção dos gradis, execução de esquadrias especiais e compra de materiais.

 

Todo o material de acabamento, dos pisos e revestimentos às louças e metais, foram comprados na De Huber, em Ilhabela. Com mais de 30 anos de tradição no litoral, a loja oferece uma ampla e sofisticada linha de produtos, e trabalha com as melhores marcas, nacionais de importadas, do mercado.

 

Integração à Natureza

 

Essa é a principal característica deste projeto, desenvolvido pelo arquiteto Reinaldo Silva Jr. para um casal que deixou o agito da capital paulista para viver em Ilhabela. Depois de morar por algum tempo em uma casa de estilo mais urbano, perto do centro da cidade, o casal decidiu que queria trocar o imóvel por outro mais próximo a exuberante natureza da ilha.

 

Cercado pela beleza da Mata Atlântica, o terreno escolhido tinha uma residência construída há aproximadamente 20 anos que, em cumprimento às restrições da legislação local, limitou o projeto à área já construída. A partir daí, o desafio do arquiteto foi adaptar essas condições às necessidades e anseios do cliente. “Além de respeitar a área construída existente, o projeto precisava se integrar à natureza e à paisagem, e ser executado de forma sustentável, causando o menor impacto possível à natureza”, conta Reinaldo.

 

Para explorar a exuberância da paisagem, o arquiteto optou por estruturas de madeira certificada, com grandes áreas envidraçadas que, além de criar ambientes contemplativos, favoreceram a utilização da iluminação natural.

 

Para dar mais permeabilidade ao terreno e evitar que a umidade existente no local prejudicasse a construção, a casa foi elevada com pequenos pilotis, isolando o piso do solo. O espaço criado pela elevação serviu para abrigar a estação de tratamento de esgoto e o sistema de captação de água de chuva, utilizada na irrigação do jardim e nas bacias sanitárias.

 

Dividida em três blocos, a casa de 270m2 tem em seu corpo principal uma ampla área social integrada, com sala de estar e jantar, cozinha e mezanino com escritório e lavabo, além de duas suítes. No segundo bloco há uma suíte de hóspedes, banheiro externo e um depósito, enquanto o terceiro corpo foi ocupado por um ateliê. Para ampliar a área social e de lazer, foram instalados 100m2 de deck, parte dele coberto por pérgola, que abrigam uma cozinha gourmet com fogão à lenha, churrasqueira e forno de pizza, e um hidro-spa.

 

Seguindo os preceitos da sustentabilidade, toda a obra foi executada de forma a minimizar os impactos na natureza. A vegetação, em parte formada por espécies nativas, foi preservada e as plantas agregadas foram escolhidas para compor a paisagem original. Foram instalados sistemas de energia solar, tratamento de esgoto de alta eficiência e captação de água de chuva. A escolha dos materiais levou em conta os mesmo conceitos, presentes na compra de madeira de reflorestamento certificada e outros artigos de baixo impacto ambiental. E para contribuir com a economia local, 90% de tudo o que foi consumido na obra foi comprado na ilha e 100% da mão de obra utilizada é local.