O velejador Torben Grael foi o campeão da etapa de Ilhabela do Match Race Brasil, competição barco contra barco que reúne os maiores nomes da vela brasileira, retomando a hegemonia no torneio. Torben e André Fonseca empataram na decisão final por 1 a 1 e quando a competição foi declarada encerrada pelos árbitros por ter ultrapassado o horário limite das 16 horas, imposto pelo regulamento, o bicampeão olímpico ficou com o título por ter vencido a última regata. Com os resultados de Ilhabela – o mesmo critério foi utilizado na decisão de terceiro lugar, quando João Signorini empatava com Alan Adler -, o torneio confirmou o forte equilíbrio esperado. Um exemplo disso é que na classificação geral dois velejadores estão empatados com 16 pontos ganhos em duas etapas (a primeira foi em março, em Salvador): Torben Grael e André Fonseca. “Foi a primeira vez em três edições do torneio que foi utilizado este tipo de desempate, o que só mostra a equilíbrio da competição”, lembra Torben Grael, bicampeão do Match Race Brasil, que ficou com um cheque de R$ 25 mil pela vitória. “A etapa de Ilhabela foi uma das mais disputadas e comprova a evolução do pessoal na disputa do match race.” Torben lembra que regatas barco contra barco são uma espécie de jogo como o xadrez. “Você tem ação e reação e sempre vai aprendendo a jogar. A tendência é o equilíbrio aumentar ainda mais para a próxima etapa”, comenta o velejador, referindo-se as regatas que serão disputadas no Rio de Janeiro de 15 a 18 de setembro. Torben e Fonseca garantiram vaga na decisão depois de eliminarem João Signorini e Alan Adler, respectivamente, nas semifinais. Torben venceu duas regatas da série melhor-de-três, confirmando o favoritismo. Já Fonseca precisou das três regatas para superar o adversário por 2 a 1. As semifinais foram marcadas por ventos fracos, que exigiram técnica apurada de todas as tripulações. O Match Race Brasil é uma competição diferente por suas regras que buscam mais a marcação e a boa largada do que a velocidade pura como ocorre nos eventos de flotilha, quando diversos barcos competem na mesma raia. Em Ilhabela, foram utilizados quatro Bénéteau First 40.7 rigorosamente iguais, cedidos pelos organizadores e as oito tripulações se revezaram nas embarcações por sorteio. André Fonseca comemora o desempenho de sua equipe O catarinense André Fonseca, segundo colocado na etapa de Ilhabela, comemora a liderança do Match Race Brasil. Depois de duas etapas, a tripulação do velejador radicado em Porto Alegre soma 16 pontos e divide a liderança na classificação geral com Torben Grael. “Consegui manter a tripulação das últimas etapas e, por isso, o entrosamento está muito bom. A gente aprende cada vez mais sobre a competição, ganha mais experiência e consegue melhorar o desempenho”, comenta o atleta olímpico da classe 49er, tripulante do Brasil 1. Em sua terceira edição, o Match Race Brasil vem apresentando grande equilíbrio em suas disputas, justamente pela evolução das equipes. E a tripulação de Fonseca comprovou o crescimento ao vencer uma das regatas da fase final contra o multicampeão Torben Grael. “Ganhamos bem. Ficamos com a sensação de que poderíamos até ter conquistado o título da etapa, mas estou muito feliz com o nosso desempenho.” Considerado uma das maiores revelações da vela brasileira, Fonseca, aos 26 anos, tem grande experiência em competições de Oceano, como tripulante de Torben. Até por isso, o bicampeão olímpico da classe Star, comandante do Brasil 1, o convidou para enfrentar o desafio da regata de volta ao mundo. TRIPULAÇÃO DO BRASIL 1 É DESTAQUE NO MATCH RACE BRASIL Cinco velejadores, além do diretor Alan Adler, disputam competição em Ilhabela Tripulantes do primeiro barco brasileiro na Volvo Ocean Race, Torben Grael, André Fonseca, João Signorini, Kiko Pellicano e Marcelo Ferreira disputaram a segunda etapa do Match Race Brasil em Ilhabela. “Mesmo sendo uma competição completamente diferente da Volvo Ocean Race, nós sempre aprendemos um pouco nas etapas do Match Race Brasil. O intercâmbio é muito grande e sempre tem um estrangeiro diferente para observar e trocar experiências”, diz João Signorini. “É bom para esquecer um pouco a expectativa de ver o Brasil 1 na água”, completa o carioca. “A cada competição o Match Race está mais parelho. Um detalhe define quem vai vencer”, afirma André Fonseca. Campeão do circuito em 2003 e 2004, Torben Grael não pretende dar chances aos “pupilos”. Depois de ficar em terceiro lugar em Salvador, voltou ao topo do pódio em Ilhabela. No Rio de Janeiro, em 2004, ele competiu com o título do circuito assegurado, mas perdeu a final da etapa para o polonês Karol Jablonski. “Não vou prometer vitória, mas um bom desempenho. E é sempre uma chance de entrosar a equipe”, explica o velejador, lembrando a presença dos também tripulantes do Brasil 1 Marcelo Ferreira e Kiko Pellicano em seu time. O Brasil 1, patrocinado pela VIVO, Motorola, QUALCOMM, Apex, ThyssenKrupp e NIVEA Sun. A equipe está definida com o comandante Torben Grael, os brasileiros Marcelo Ferreira, Kiko Pellicano, João Signorini e André Fonseca, a australiana Adrienne Cahalan, única mulher inscrita até agora na Volvo Ocean Race, os espanhóis Guillermo Altadill e Roberto Chuny Bermudez, o neozelandês Stuart Wilson e o norueguês Knut Frostad. A largada da Volvo Ocean Race será em 5 de novembro, em Sanxenxo, na Espanha. A primeira perna começa em Vigo, também Espanha. A regata de volta ao mundo passa ainda por Cidade do Cabo (África do Sul), Melbourne (Austrália), Wellington (Nova Zelândia), Rio de Janeiro (Brasil), Baltimore, Annapolis e Nova York (Estados Unidos), Portsmouth (Inglaterra), Roterdã (Holanda) e Gotemburgo (Suécia). Caroline Bejar conquista etapa da Nívea Sun Match Cup A niteroiense Caroline Bejar mostrou habilidade, driblou a falta de vento e venceu a competição feminina no Match Race Brasil. Ela e sua tripulação superaram a equipe da gaúcha Fernanda Oliveira e ficaram com o título da NIVEA Sun Cup. A final foi disputada em apenas uma regata, que ainda assim foi atrapalhada pela falta de vento. “Para se ter uma idéia, só conseguimos sair cinco minutos depois da largada”, explica Fernanda, campeã do circuito no ano passado. “As condições climáticas atrapalharam um pouco, mas o esforço das velejadoras, dos juízes e da organização para que, mesmo com pouco vento, as regatas fossem realizadas valeu”, elogiou Fernanda. A competição foi disputada em barcos Skipper 21, menores do que os 40.7 usados pelas tripulações do Match Race Brasil. “Em Salvador, usamos os 40.7, mas a nossa praia são os Skipper 21 e os J24”, disse Fernanda, lembrando do Desafio UBS de Vela Feminina, disputado na capital baiana, primeira etapa do circuito em 2005. O Match Race Brasil é uma realização da Vela Brasil, com supervisão da Federação Brasileira de Vela e Motor (FBVM) e patrocínio da VIVO, Motorola, UBS, Braskem, Volvo, NIVEA SUN e Varig.