As orquídeas são plantas de grande interesse botânico e econômico, destacando-se como planta ornamental graças à exuberância de suas flores.

 

Existem cerca de 30 mil espécies de orquídeas, sendo 2,5 mil somente no Brasil, e já foram registrados pelo menos 200000 híbridos. As orquídeas habitam praticamente todas as regiões do globo com exceção da Antártica, mas é nas regiões tropicais e subtropicais que se encontra a maioria das espécies.

 

História

 

A história das orquídeas vem de longe. Já eram conhecidas na China há mais de 2.500 anos e o famoso filósofo chinês, Confúcio era apaixonado por elas. Eram conhecidas também na antiga Grécia e o nome orquídeas foi dado por um médico grego, Descórides, que viveu no primeiro século D.C. Ele denominou as orquídeas terrestres de Orchis, que significa testículos, uma alusão ao par de bulbos subterrâneos dessas plantas.

 

A verdadeira história das orquídeas, no entanto, se iniciou há uns trezentos anos, quando foram descobertas na América e na Ásia e naturalistas passaram a organizar expedições para essas regiões visando a coleta dessas belas plantas.

 

Iniciou-se, então, na Europa, uma verdadeira febre em busca de orquídeas, mas os preços eram fantásticos e somente acessíveis aos aristocratas. Sabe-se que a primeira orquídea a chegar a Inglaterra foi  a Vanilla  de cujos frutos se extrai a baunilha. Muitos colecionadores e floricultores passaram a procurar por orquídeas raras que atingiam preços exorbitantes comparados ao custo de um automóvel ou uma casa.

 

Hoje, as orquídeas já estão acessíveis a todos  graças à reprodução em laboratórios e à intensa comercialização.

 

Cultivo

 

A primeira preocupação de quem estuda e cultiva orquídeas é desfazer o equívoco generalizado de que a orquídea é uma “parasita”. A maioria das orquídeas é epífita, ou seja, vive presa ao tronco das árvores em busca de luz, mas nada retira do seu hospedeiro e, portanto, não é uma planta parasita. Existem também orquídeas que crescem sobre rochas, no solo das matas úmidas ou entre folhas apodrecidas.

 

O nosso clima favorece o desenvolvimento das orquídeas e podem ser cultivadas o ano todo sem a necessidade de se construir estufas com iluminação e aquecimento artificiais, como ocorre em países onde o inverno é mais rigoroso.

 

Muitas espécies são comercializadas em feiras, exposições e floriculturas, podendo ser nativas ou oriundas  de outros países da América e Ásia. Pode-se dizer que não há um clima ruim para essas plantas, mas sim que há plantas para cada tipo de clima.

 

Portanto, para o iniciante, é importante evitar o impulso de comprar qualquer tipo de planta, e se informar, primeiro, sobre sua origem e os cuidados que ela necessita, para não correr o risco de ver suas plantas morrerem ou nunca florescerem.

 

O cultivo das orquídeas é relativamente simples e devemos prestar atenção às suas necessidades básicas:

 

Luz: necessitam de boa iluminação, mas não de sol direto. A maioria vegeta à meia sombra ou pode receber o sol da manhã até as 11h. Podem ficar sob árvores ou sob uma tela se sombreamento de cerca de 50% de proteção.

 

Umidade: as orquídeas preferem a alta umidade ambiente, mas não podem ter suas raízes encharcadas, pois dessa forma apodrecem e morrem. Podem ser regadas, de maneira geral, duas vezes por semana no inverno e três vezes no verão. A rega deve ser abundante, esperando-se que a planta seque para regar novamente. Deve-se evitar os “pratinhos” sob o vaso.

 

Temperatura: Vegetam bem na faixa dos 15 aos 350C, preferindo noites mais frias.

 

Arejamento: esse é um ponto muito importante. As plantas devem ficar espaçadas, na bancada ou onde estão penduradas, para evitar o aparecimento de doenças, e nos vasos deve existir uma boa drenagem para arejar as raízes.

 

Nutrientes: Na natureza as orquídeas retiram os sais minerais de que necessitam da chuva ou dos resíduos acumulados na casca das árvores, mas no cultivo em vasos, devem receber os nutrientes através de uma adubação com adubos orgânicos (torta de mamona, farinha de ossos, etc.) ou através de adubos  químicos (foliares) pulverizados na planta.

 

As orquídeas podem ser cultivadas dentro de casa, até em apartamentos, desde que fiquem próximas das janelas e recebam bastante luz.

 

Colocadas nos troncos das árvores estão no seu ambiente natural não exigindo grandes cuidados apenas uma adubação mais intensa. Entretanto, a desvantagem é que quando florescerem não poderão ser levadas para dentro de casa ou para exposições.

 

Quem preferir cultivá-las em vasos pode fazê-lo em vasos plásticos ou de barro, ou mesmo em cachepots de madeira, colocando sempre pedaços de isopor, pedra britada ou cacos de cerâmica no fundo do recipiente para drenagem e utilizando um substrato adequado (fibra de coco, brita, carvão, casca de pinus, etc). O tipo de vaso e de substrato vai depender do manejo, do tipo de planta, da quantidade de água da rega, etc.

 

É difícil estabelecer uma “receita“ para o cultivo de orquídeas. Cada um deve encontrar seu manejo apropriado usando o bom senso, a observação e a informação.

 

Espécies comerciais

 

Dentre as espécies comerciais de orquídeas estão plantas bastante conhecidas como a Phalaenopsis (orquídea borboleta), o Dendrobium (olho de boneca), o Cymbidium e vários híbridos de Cattleyas e Laelias.

 

Temos também muitas espécies nativas de grande beleza, como a Laelia purpurata, L.lobata, L.tenebrosa; as Cattleyas guttata, intermédia, labiata, tigrina, dentre outras, todas florescendo no verão.

 

Espécies nativas

 

Em Ilhabela e outras regiões do litoral brasileiro, infelizmente, devido à coleta indiscriminada, poucas espécies ainda são encontradas nas matas, geralmente microrquídeas e algumas Cattleyas e Miltonias. Vale lembrar que a coleta de plantas é proibida por lei e considerada crime ambiental.

 

Cerca de nove espécies de orquídeas brasileiras já estão extintas na natureza, preservadas apenas em orquidários por colecionadores e disponíveis graças à reprodução em laboratório.

 

Preocupada com o desaparecimento das espécies nativas de Ilhabela, a autora iniciou, em 2004, um trabalho de levantamento  fotográfico  e identificação  das orquídeas nas trilhas de Ilhabela e passou a reproduzi-las  em laboratório para a obtenção de mudas  para o repovoamento do entorno do Parque Estadual de Ilhabela. Em 2005 foi criado o Orquidário Silvestre, que produz e comercializa mudas e plantas adultas de diversas espécies e híbridos de orquídeas.

 

 

*Silvana Maria de Luca é bióloga formada pela Universidade de São Paulo, com Mestrado e Doutorado pela USP e Pós-Graduação em Cultura de Tecidos Vegetais pela Universidade Federal de Lavras. Foi professora em instituições de nível Médio e Superior por 35 anos. Hoje dedica-se à pesquisa sobre orquídeas, e como proprietária do Orquidário Silvestre reproduz e comercializa orquídeas e ministra cursos de cultivo. Fundadora do NOI – Núcleo Orquidófilo de Ilhabela, entidade que reúne interessados em aprender e cultivar orquídeas.

Para saber mais: Silvana: drnanaluca@yahoo.com.br | Tel. (12)38958425

Alessandro: lucaaltieri@yahoo.com | Tel. (12) 97375592

 

 

 

Interessados em aprender mais sobre as orquídeas e trocar experiências, podem participar das reuniões mensais do Núcleo Orquidófilo de Ilhabela, que é uma associação cultural, técnica e científica de orquidófilos, sem fins lucrativos.

As reuniões acontecem na 2ª terça-feira de cada mês, as 18:30h, na Chácara Pau-Brasil, e os principais objetivos desses encontros são o intercâmbio de experiências no cultivo de orquídeas, troca de mudas e aprendizagem sobre controles de pragas, doenças e métodos de propagação.

 

Os associados podem apresentar para o grupo sua melhor planta florida para exibição, levar plantas com doenças e pragas para troca de informações, bem como emprestar livros e revistas sobre orquidofilia do pequeno acervo montado. Há ainda sorteio de rifas de orquídeas, aula educativa e também um intervalo para lanche e confraternização.

 

Para participar é necessário fazer uma contribuição individual anual, no valor de R$ 30,00, destinada a promoção de exposições, cursos e visitas a outras entidades orquidófilas.

 

A próxima reunião será no dia 12/01/2010, as 18:30h.

 

A Chácara Pau-Brasil fica na Av. Princesa Isabel, 1.788 – Perequê – Ilhabela. Tel. (12) 3896-1617.