Em qualquer idade, ter dentes alinhados e uma oclusão balanceada traz benefícios e minimiza a ocorrência de fatores negativos prejudiciais à saúde bucal. Quando os dentes estão bem posicionados e bem relacionados entre si, o paciente consegue manter um controle de higienização mais eficiente, ter um índice baixo de cáries e de outras doenças periodontais (que envolvem gengiva e osso), além de  apresentar uma oclusão balanceada e funcional. Vimos com frequência no dia-a dia, pessoas descontentes com suas próteses, sejam elas PPRs (próteses parciais removíveis), fixas ou sob implantes. As queixas vão do desconforto à impossibilidade de mastigar bem; do tamanho, formato e posição dos dentes à aparência artificial. A estética tão almejada por todos e, principalmente, por aqueles que, por alguma causa, perderam um ou mais elementos dentários exige um esforço multiciplinar. Portanto, pensar em reabilitação oral sem visualizar todo o planejamento de maneira integrada é inconcebível.

A Ortodontia, especialidade odontológica que visa promover o alinhamento e nivelamento dos dentes e, desta forma, estabelecer harmonia entre as bases ósseas, maxila e mandíbula, vem sendo cada vez mais solicitada por protesistas e implantodontistas que requerem como condição primordial, uma oclusão adequada dos seus pacientes.Pois, então, o que é oclusão?

Oclusão é o termo dado às relações de mordida entre a arcada dentária superior com a inferior e suas implicações em estruturas anexas (dentes, gengiva, ossos, músculos, ligamentos, articulação temporomandibular). O verdadeiro conceito de oclusão leva em conta o posicionamento estático entre maxila e mandíbula, mas também todo dinamismo do sitema estomatognático. Uma oclusão estável depende da resultante de forças que agem sobre os dentes e o equilíbrio destas para manter a estabilidade. Como os dentes não estão aderidos ao osso e são órgãos passíveis de movimentação, quando há  perda de um ou mais elementos dentários, ocorre uma transição dos dentes adjacentes no sentido do espaço edêntulo, nas direções horizontal e vertical. Quanto mais o paciente demora para procurar o profissional para a reabilitação, mais significativos são esses efeitos indesejáveis. Nos exames clínico, radiográfico e através da análise dos modelos de gesso do paciente, observa-se em muitos casos, a presença de algum tipo de maloclusão ou a redução do espaço ocupado anteriormente pelo dente perdido. São comuns também a presença de diastemas (espaços entre os dentes), inclinações acentuadas, giroversões e extrusões (“dentes crescidos”). Com o avanço das pesquisas no desenvolvimento de novas técnicas e a introdução de materiais que proporcionam cada vez mais conforto, segurança e rapidez no tratamento, é possível sim movimentar dentes em adultos de qualquer idade, respeitando os limites impostos pelas condições periodontais e pelo metabolismo individual.

Todos os aparelhos fixos são iguais?

Se o que afastava o adulto do tratamento ortodôntico era o aspecto infantil e, portanto, o constrangimento de ter aparelhos metálicos sobre os dentes, hoje existem bráquetes cerâmicos de boa qualidade, discretos e com custo acessível, que suprem perfeitamente a exigência estética . Mas se a preocupação maior é com os cuidados de higienização, a especialidade dispõem  de  bráquetes auto-ligados, livres  das ligaduras elastoméricas (as famosas borrachinhas coloridas que fazem a alegria dos adolescentes) que permitem um maior controle da placa bacteriana. Vale ressaltar ainda que neste tipo de aparelho, o atrito entre o fio (arco) e o bráquete é reduzido, forças leves são liberadas,  proporcionando um movimento dentário mais rápido e confortável. E se a questão for o longo período de uso dos aparelhos, quando há um diagnóstico preciso do caso, um planejamento bem elaborado e colaboração do paciente, o ortodontista consegue otimizar o tempo de tratamento, usando bons materiais e recursos coadjuvantes auxiliares. Graças, por exemplo, aos mini-implantes, que são dispositivos transitórios com alta versatilidade de aplicação clínica, é possível tratar muitos casos, inclusive nos quais há comprometimento de ancoragem, tão comum quando há falta de muitos elementos dentários.

 “Por que não consigo usar essa prótese? Por que os dentes ficaram tão pequenos? Por que os dentes ficaram tão pra frente? Ah, meus dentes não eram assim…”

Será que só resta conformar-se com a situação? É claro que não. Apesar das restrições que por ventura existam, é possível melhorar sempre. E sob este aspecto, a Ortodontia como ferramenta no preparo pré-protético pode trazer muitos benefícios. Ter um sorriso natural e alimentar-se com qualidade é um sonho para muitos; proporcionar isso ao paciente, um objetivo para o profissional. Aquele que pensa de maneira simplista, muitas vezes falha e se frustra no final. Vale a pena fazer bem feito sempre…

Você já sorriu hoje?

Dra Márcia Miyuki Kadota – graduada pela Unesp-SJC e especialista em Ortodontia pela APCD-SJC.