Reconhecida como cidade campeã de preservação da Mata Atlântica e com 85% de sua área pertencente a um Parque Estadual, Ilhabela tem inúmeros motivos para lutar pela preservação e pelo desenvolvimento de um projeto de turismo sustentável. Foi com base nessa proposta que Marília Britto R. de Moraes, arquita mestra em planejamento ambiental e atual Diretora do Parque Estadual de Ilhabela e toda a sua equipe conseguiram incluir a região em um projeto do Governo do Estado que tem como objetivo consolidar o turismo sustentável como forma de desenvolvimento socioeconômico regional, aliado à conservação da natureza, Utilizando uma verba de US$ 15 milhões, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado – SMA prepara-se para implementar o Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Região da Mata Atlântica. O Governo do Estado fará um investimento de US$ 6 milhões e os US$ 9 milhões restantes serão liberados pelo BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Durante os próximos quatro anos, a SMA deverá estruturar e promover serviços e atividades de lazer para a visitação pública em seis parques estaduais, incrementando o potencial de atração para diferentes públicos; apoiar a consolidação de uma cadeia de serviços turísticos no entorno destes parques, com a participação das comunidades locais; e fortalecer a gestão pública para o ecoturismo nas unidades de conservação, por meio de capacitação de pessoal, estabelecendo normas de controle e regulamentação da atividade turística. A escolha dos parques considerou duas importantes regiões de conservação da Mata Atlântica – o Vale do Ribeira e o Litoral Norte -, onde foram selecionados os parques estaduais Carlos Botelho, Ilha do Cardoso, Intervales, Jacupiranga, Turístico do Alto Ribeira e Ilhabela. O projeto considera a realidade de alguns municípios do Vale do Ribeira, que registram IDH – Índice de Desenvolvimento Humano dos mais baixos no Estado, justificados com a argumentação de que a conservação ambiental impede o desenvolvimento socioeconômico. O Litoral Norte, ao contrário, já recebe um grande fluxo de turistas e passa por um rápido crescimento dos setores turístico e imobiliário. Neste caso, as ações serão de ordenamento e regulamentação, tanto na zona terrestre quanto na marítima. As duas regiões, portanto, terão abordagens distintas na implantação do projeto, que prevê assistência técnica e capacitação para assegurar que os empreendedores locais e as comunidades organizadas sejam os maiores beneficiários. A partir de estudos encomendados pela SMA, foi possível definir como os investimentos deverão se distribuídos. Além da revitalização e construção de equipamentos para a prática de atividades ecoturísticas, como trilhas terrestres, trilhas suspensas, mirantes e centros de interpretação ambiental, haverá também a melhoria e ampliação de meios de hospedagem, serviços de alimentação, venda de artesanatos e outros serviços voltados aos turistas. A intenção da equipe que desenvolveu o programa é formar um mosaico de aspectos da Mata Atlântica a partir do conjunto dos parques, com suas particularidades ambientais e sociais. “Desta forma pretendemos reforçar a imagem de uma expedição pela Mata Atlântica, construindo um produto a ser visitado a longo prazo, associando lazer e conhecimento”, ressalta o biólogo Sérgio Salazar Salvati, coordenador do grupo de trabalho que desenvolveu o programa. Em Ilhabela, grande parte das ações que serão implementadas pelo projeto já foram definidas e os primeiros trabalhos devem ter início no mês de julho. Estão previstos investimentos nas seguintes áreas: Centro de Interpretação Ambiental – concretizará o tão sonhado projeto de restauração do antigo Prédio da Cadeia, na Vila, que será transformado em um centro de recepção aos visitantes do parque. Em parceria com a PMI – Prefeitura Municipal de Illhabela, o prédio também abrigará o Museu do Mar, além de espaços múltiplos de Educação Ambiental, com vidioteca, data-show e centro de exposições. Estrada de Castelhanos – passará por um processo de restauração com drenagem e contenção das encostas, para receber com maior segurança os grupos de turistas e visitantes, que serão controlados pelo Parque. Trilha da Sepituba – a antiga trilha que liga as praias de Castelhanos e Bonete será sinalizada e receberá grupos monitorados por guias credenciados pelo Parque. Estrada do Bonete – será sinalizada e receberá obras de infra-estrutra que facilitarão o acesso dos pedestres. É importante ressaltar que o percurso, assim como acontece hoje, só poderá ser feito a pé. Hospedagens rústicas no Bonete e em Castelhanos – em parceria com as comunidades locais, o parque disponibilizará meios de hospedagem simples nas duas praias, para que as pessoas possam pernoitar e continuar as trilhas no dia seguinte. Capacitação de guias – técnicos do Parque treinarão membros das comunidades para trabalhar nas trilhas, criando meios de subsistência através do Ecoturismo. Ilhas de Vitória e Búzios – serão criados centros de recepção aos visitantes e trilhas sub-aquáticas, tudo sempre monitorado por guias. Maiores informações sobre o Projeto Ecoturismo na Mata Atlântica podem ser encontradas no site: www.ambiente.sp.gov.br/ecoturismo/mataatlantica