Emerson e Edson são irmãos e cresceram vendo o pai construir traineiras que ainda hoje pescam nos arredores da Ilhabela. Os irmãos seguiram os passos do pai, também constroém barcos. Mas, além de traineiras, Emerson e Edson já construíram transatlânticos, veleiros, lanchas, rebocadores, navios de carga. No início do outono, Emerson conversou com a Revista Ilhabela.

 

Por onde começa a construção da maquete de um barco?

Pelo casco. Mas é importante dizer que cada maquete é um desafio novo e diferente dos outros. Dependendo do modelo e da escala, a gente tem que definir os materiais. Vou dar um exemplo: no Ana Nery, que é a maquete de um antigo transatlântico, as amuradas são feitas com fios de telefone; já no Paratii 2, o convés é revestido com plaquinhas de fórmica.

 

Quantos barcos vocês construíram até agora?

A gente não tem a conta certa, mas eu calculo que fizemos uns 150 barcos ou mais. De alguns modelos, os mais apreciados pelos colecionadores, nós chegamos a fazer 10, 15 maquetes.

 

Quais deram mais trabalho?

O France, um transatlântico com 1,70m e o Half Moon, galeão armado com seis canhões, com 0,70m.

 

Em que você está trabalhando agora?

Neste momento estou trabalhando em duas maquetes: um Titanic com 1,60m e uma chalupa a vapor, de pesca, de aproximadamente 0,70m.

 

Dá para fazer a maquete de qualquer embarcação?

É claro.Com a experiência que eu e meu irmão adquirimos, podemos dizer com segurança que podemos fazer a maquete de qualquer barco, em qualquer escala.

 

Existe mercado para esse trabalho?

O mercado existe, mas eu acredito que ele não mostrou todo o seu potencial, ainda tem que ser desbravado. Para nós, é importante mostrar nosso trabalho, mostrar que ele tem um forte poder decorativo nas residências ou nos escritórios das pessoas que amam o mar. Queremos montar uma exposição aqui na Ilha, mas não fechamos com nenhum espaço ainda.

 

Você falou em “residência” e “escritório”. Não acha que primeira maquete que alguém deseja ter, em casa ou no trabalho, é a maquete do barco que ele tem na marina ou no Yacht Club?

É claro. Eu acho que um barco, qualquer que ele seja, é o que há de mais importante na vida de quem ama o mar, além da família, é claro. E, da mesma forma que um empresário tem, no trabalho, a foto da sua mulher e das crianças, pode ter também a maquete de sua lancha, de seu veleiro.

 

Quando você fala em “desbravar o mercado” é nisso que você pensa?

Também nisso. A maquete naval, digamos assim, é um objeto de grande efeito decorativo qualquer que ela seja e onde quer que ela esteja, desde que bem feita. Esse é um nicho de mercado. Outro é o de maquetes específicas, em que o cliente pede a reprodução de uma determinada embarcação.

 

São comuns encomendas de barcos?

Menos do que a gente gostaria. Mas a freqüência das encomendas têm crescido e esperamos que continuem assim. Afinal, isso é o que a gente mais gosta de fazer.

 

(Com exceção do veleiro Paratii 2, todas as maquetes mostradas nesta reportagem pertencem à coleção de Cláudia e Nelson de Barros).

 

Serviço: Emerson e Edson podem ser encontrados na Av. Riachuelo, 6505. Ou no telefone 3894 1473.