A canoa foi durante décadas o meio de transporte mais utilizado pelas comunidades caiçaras no litoral norte. Hoje, pouco usadas, elas sobrevivem graças ao trabalho artesanal de alguns pescadores que tentam preservar a cultura caiçara.

Exatamente com esse intuito, o de resgatar a cultura caiçara, o prefeito Márcio Tenório, acompanhado pelo secretário da Cultura, Nuno Gallo, iniciou o processo de restauração da canoa-de-voga “Vencedora”, que há mais de 100 anos perpetua no arquipélago. A canoa, com cerca de 11 metros de comprimento, escavada em um tronco de Jequitibá, fica exposta ao lado do prédio da sede do Parque Estadual, no centro histórico, na Vila.

“Dentro de nossas metas na Cultura, e junto com o plano de governo do prefeito Márcio Tenório, está resgatar a cultura caiçara. Essa canoa não poderia ficar de fora desse contexto, já que ela é cheia de histórias e simbolismos”, declarou Nuno Gallo.

A canoa-de-voga foi doada para a Prefeitura de Ilhabela pelo caiçara de origem nipônica Renato Kengo Imakawa, que a herdou de seu avô, Bungoro Naka. O avô de Renato havia comprado a canoa de um homem chamado Ernesto Tagé, um dos últimos senhores de engenho da Ilha, proprietário do antigo engenho de aguardente da Praia do Jabaquara.

“Hoje senti um orgulho grande, como caiçara, de iniciar o processo de restauração da Vencedora. Lembrei dos dias em que seu Bidica e Dona Dita, meus avós, traziam mandioca e peixe da praia da Fome para a Vila, há 40 anos, em uma canoa como essa. O que vamos fazer é restaurar e depois colocar ela em seu local de origem, que é na Praça. Para nós, caiçaras, vai ser uma grande emoção ver essa canoa novamente lá, representando nossa história”, falou o prefeito.

A canoa será lixada, receberá uma nova pintura, e seus buracos e rachaduras serão consertados. O restaurador Marco Antônio, irá deixar a canoa em seu formato original, com velas e remo. Após o restauro, a embarcação será colocada na Praça Coronel Julião, na Vila. A previsão é de que ela seja entregue em julho.