*Silvana Davino

 

Localizada no sul da Ilhabela, a Área de Soltura e Monitoramento de Fauna Silvestre Cambaquara, conhecida como ASM Cambaquara, é um local de adaptação, soltura e monitoramento de cinco espécies nativas de aves de Ilhabela: o papagaio‐moleiro, a tiriba-testa-vermelha, a maitaca-verde, o periquito‐rico e o tucano‐do‐bico‐verde.

 

O trabalho da ASM iniciou-se alguns anos atrás, quando os proprietários ficaram sensibilizados com alguns papagaios machucados que caíram em sua propriedade. A partir daí, começaram a pesquisar, se capacitar e obter as licenças ambientais para se dedicarem aos cuidados de algumas espécies conhecidas da região.

 

A proposta é uma gestão de fauna silvestre adaptada à realidade local. Como Ilhabela ainda não possui centro de triagem de animais silvestres (CETAS) ou de reabilitação ﴾CRAS﴿, a ASM Cambaquara obteve uma autorização diferenciada junto ao Departamento de Fauna da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo para receber as aves resgatadas no próprio município. Elas são encaminhadas pela clínica do Dr. Denis Amorosino, pelo Parque Estadual de Ilhabela (PEIb) e pela Polícia Ambiental.

 

O período de readaptação das aves pode variar de 20 dias a dois anos, dependendo da situação e do histórico de cada uma delas. Elas são anilhadas, microchipadas e submetidas à exames. Nos recintos, elas treinam voos, recebem alimentação de frutas e sementes colhidas na mata, aprendem a reconhecer predadores e a se desumanizarem.

 

Quando as aves estão aptas para a soltura, são colocadas sementes e frutas em comedouros externos e as janelas dos recintos são abertas. Assim, as aves podem sair e voltar quando quiserem até ganharem autonomia e integrar‐se ao seu meio natural. Até o momento, quase 50 aves foram soltas e 12 papagaios estão em treinamento de voo para serem soltos em outubro.

Após cada soltura é realizado um trabalho de monitoramento. Durante sete dias consecutivos, pela manhã e pela tarde, os comedouros externos e recintos são observados para verificar se as aves retornaram à área ou se apresentam algum problema. Em geral, nos primeiros dias elas retornam em busca de alimento, mas progressivamente aumentam sua área de vida passam a ser observadas mais raramente. Todos os registros de avistamentos das aves soltas são documentados e anualmente a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA/SP) recebe um relatório de atividades da ASM Cambaquara.

 

O local não é aberto à visitação pública para resguardar as aves do contato com seres humanos, diminuindo o estresse no processo de reabilitação e aumentando assim suas chances de sobrevivência após a soltura.

 

IMG_3382De forma complementar, são realizadas atividades de educação ambiental na área de entorno da ASM. O objetivo deste trabalho é informar e sensibilizar a comunidade local sobre os impactos gerados pelo homem no ambiente e o sofrimento causado aos animais silvestres. Além disso, a população é alertada sobre o tráfico e a prática inadequada de criar animais silvestres ilegalmente como animais de estimação. Estas ações de educação ambiental são realizadas em parceria com o Parque Estadual de Ilhabela (PEIb), Instituto Ilhabela Sustentável (IIS) Prefeitura Municipal de Ilhabela e Revista Ilhabela.

 

Além das instituições parceiras, mencionas anteriormente, muitas outras têm somado esforços apoiando o trabalho da ASM Cambaquara. O IBAMA fez doação de microchips – que auxiliam no rastreamento das aves após a soltura – e de material de educação ambiental. A World Parrots Trust, representada no Brasil pelo veterinário André Saidenberg, é uma ONG internacional que atua em 22 países, custeou a construção de um viveiro de 12 metros de comprimento onde as aves podem praticar voos mais longos antes da soltura. A clínica Wildvet em São Paulo, especializada em animais silvestres, do veterinário André Grespan que recebe nossas aves em casos graves com intervenções cirúrgicas.

 

Apesar de a ASM Cambaquara contar com a colaboração de instituições e voluntários – como o médico veterinário Dr. Denis Prado Amorosino e o biólogo e ornitólogo Patrick Inácio Pina – a manutenção de recintos e alimentação das aves é mantida com recursos próprios. Parcerias com empresas e pessoas no custeio das atividades da ASM são muito importantes para a continuidade desse trabalho.

 

Se você tem interesse no nosso trabalho, acesse nosso blog

(http://www.asmcambaquara.blogspot.com.br/) e facebook.com/asmcambaquara

 

* Silvana Davino, gestora da Área de Soltura Monitorada Cambaquara, em Ilhabela. (silvana.m.davino@gmail.com)